Carla, Portugal
English translation below:
Quando fui diagnosticada com cancro de mama, dois meses depois de perder o meu pai, senti um turbilhão de emoções que pareciam maiores do que eu podia suportar. O choque foi o primeiro a chegar, seguido pela negação como se, ignorando o diagnóstico , pudesse voltar ao que era antes. Mas não havia volta. Senti raiva pela injustiça de tudo aquilo, vergonha por não conseguir manter a mesma força de sempre diante da minha família , e uma tristeza profunda que me isolou.
A solidão tornou-se a minha companhia mais constante. Mesmo rodeada de pessoas, sentia-me invisível , como se ninguém pudesse compreender o peso que carregava. A dor não era só física , era emocional, era existencial. Foi então que, num dos momentos mais escuros, decidi procurar ajuda .
A terapeuta, que me olhava nos olhos e me fazia perguntas que eu não queria responder, ajudou-me a encontrar coragem para enfrentar as minhas dores. A minha Dra Francisca.
Com o tempo, senti gratidão por cada pessoa que me acolheu durante esse caminho, durante a maratona : os amigos que seguraram a minha mão , os profissionais que me trataram com humanidade e, principalmente, as mulheres que conheci ao oferecer-lhes algo que a minha arte podia proporcionar um pedaço da autoestima que o cancro lhes tinha tirado. Afinal, eu sou uma delas.
Tranquiliza-me pensar que a minha história pode inspirar outras mulheres a verem que, mesmo na escuridão, o amor e a superação encontram formas de brilhar.
”E quando a tempestade tiver passado, mal te lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver. Nem sequer terás a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim. Mas uma coisa é certa. Quando saíres da tempestade já não serás a mesma pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido”. É do Murakami e de todos nós.
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English translation:
When I was diagnosed with breast cancer, two months after losing my father, I felt a whirlwind of emotions that seemed more than I could bear. Shock was the first to arrive, followed by denial, as if by ignoring the diagnosis I could go back to the way things were before. But there was no going back. I felt anger at the injustice of it all, shame at not being able to maintain my usual strength in front of my family, and a deep sadness that isolated me.
Loneliness became my most constant companion. Even surrounded by people, I felt invisible, as if no one could understand the weight I was carrying. The pain wasn't just physical, it was emotional, it was existential. It was then, in one of my darkest moments, that I decided to seek help.
It was in counselling that I began to feel heard.
The therapist, who looked me in the eye and asked me questions I didn't want to answer, helped me find the courage to face my pain. My Dr Francisca.
Over time, I felt grateful for every single person who welcomed me along the way, during the marathon: the friends who held my hand, the professionals who treated me with humanity and, above all, the women I met when I offered them something: that my art could give them a piece of the self-esteem that cancer had taken away. After all, I am one of them.
Strength is not the absence of fear or pain, but the ability to move forward despite them.
It reassures me to think that my story can inspire other women to see that, even in the darkness, love and overcoming find ways to shine through.
‘And when the storm has passed, you'll barely remember that you made it through, that you survived. You won't even be sure that the storm has really come to an end. But one thing is certain. When you emerge from the storm, you won't be the same person. That's the only way storms make sense. It's Murakami's and all of ours.